Curadoria indica obras que podem ser vistas na Pinacoteca do Ceará até o próximo domingo (29)
A exposição “Chico da Silva e a Escola do Pirambu” está em seus últimos dias de visitação na Pinacoteca do Ceará. As 148 obras podem ser vistas até o próximo domingo (29) no museu, que integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante. Para conhecer ainda mais a história e os trabalhos do artista, os curadores da exposição, Thierry Freitas e Flávia Muluc, indicam algumas obras que vale conferir.
Nascido na região do Alto Tejo, no Acre, Chico da Silva viveu a maior parte de sua vida no Ceará e é um dos mais importantes artistas do estado. Filho de mãe cearense e pai indígena peruano, mudou-se para Fortaleza durante a infância e se estabeleceu na região do Pirambu. A exposição na Pinacoteca do Ceará – que é a maior já feita com as obras do artista – tem parceria com a Pinacoteca de São Paulo.
Confira sete obras de Chico da Silva na Pinacoteca do Ceará:
1) Chico da Silva, Sem título, 1984, Acervo da Pinacoteca de São Paulo
Produzida na década de 1980, a obra traz animais fantásticos em toda a tela, com o plano de fundo amarelo, e um letreiro em marrom com o título “Ateliê de Arte Chico da Silva”. A obra foi localizada de forma estratégica, funcionando como um prefácio ao que a exposição propõe tratar, o fenômeno coletivo que foi a Escola do Pirambu. É considerado um quadro singular e, provavelmente, foi feito para ser o letreiro de algum espaço ou um pórtico. Concluída pouco antes da morte de Chico da Silva, antecipa a continuidade da produção.
2) Chico da Silva, Sem título, 1943, Acervo da Pinacoteca do Ceará
O quadro, feito sobre papel, ilustra uma mãe pássaro em frente aos quatro filhotes. Entre eles, um vaso de flores se faz presente no centro. Trata-se de um trabalho que Chico da Silva realizou por encomenda do crítico suíço e também artista Jean-Pierre Chabloz (1910-1984). A pintura faz parte dos trabalhos singulares de Chico da Silva realizados entre 1943 e 1944. Consideradas raras, a maior parte das obras desse período pertencem ao acervo da Pinacoteca do Ceará.
3) Babá, Pássaros, 2002, Coleção Homero Cals Silva
A obra é uma releitura feita por Babá da pintura de 1943, produzida originalmente por Chico da Silva. Concluída no mês de setembro de 2002, tem como assinatura “Chico da Silva por Babá”. Neste quadro, é possível visualizar a relação entre mestre e aprendiz, especialmente com destaque para como o artista assina a obra. “É um trabalho que o Babá utiliza como modelo, mas ele compõe à sua maneira. Além disso, é um momento em que os artistas da Escola do Pirambu ainda tinham muita associação com Chico da Silva”, explica Thierry Freitas. Ainda assim, os traços refinados de Babá são perceptíveis e ajudam a diferenciar as pinturas.
4) Babá, Sem título, 2014, Coleção Júlio Mesquita
Nesta obra, Babá atualiza aquela produzida em 2002 com inspirações a partir da produção inicial, de 1943, feita por Chico da Silva. As cores mais vivas e os tons azulados na parte superior do quadro se diferenciam da pintura anterior. Nesse momento, o artista já assina a obra com sua autoria, sem menção ao nome do mestre. Sebastião Lima da Silva, no processo de produção em grupo, foi o responsável por introduzir as formas mandalares. Seus quadros ficaram conhecidos pela atraente harmonia cromática, influenciando o estilo da Escola do Pirambu.
5) Chico da Silva, Cobra sucurujuba ataca os dragões, 1967, Coleção Eugênia Gorini Esmeraldo e Francisco de Assis Esmeraldo
O painel reúne uma grande diversidade de animais e elementos fantásticos da natureza. Como marca de suas produções, Chico da Silva reúne a fauna e a flora com um toque de fabulação, marcadores de sua ecologia de imagens. Datada de 1967, a obra representa a fase coletiva de produção do artista, já com a atuação mais presente dos integrantes da Escola do Pirambu. Assim, a partir da participação dos artistas na Escola do Pirambu, há a produção de painéis em maior tamanho com possibilidade de exploração visual dos quadros. Isso se reflete, por exemplo, no formato das telas.
6) Chico da Silva, Sem título, 1978, Acervo da Pinacoteca do Ceará
Esta é uma das obras que exploram os elementos fantásticos do imaginário de Chico da Silva. Concluída em 1978, representa a última fase de produção artística do pintor. Na exposição em cartaz, é possível observar a obra em movimento. Por meio de um QR Code, localizado ao lado do quadro, um filtro de realidade aumentada está disponível para observar os elementos da obra. A iniciativa é um desdobramento da exposição e tem o objetivo de gerar interação com os visitantes. O recurso foi desenvolvido pelo núcleo de imagem da equipe de comunicação da Pinacoteca do Ceará em parceria com a Kuya – Centro de Design do Ceará, um dos equipamentos que compõem o Complexo Cultural Estação das Artes. Saiba como utilizar o filtro.
7) Chico da Silva, Sem título, 1982, Acervo da Pinacoteca do Ceará
Produzida em 1982, a pintura representa a fase final da vida do artista, que faleceu em 1985. O quadro contém uma intensa mistura de cores e animais, algo que marca as produções de Chico da Silva, que nasce tanto a partir de referências de sua infância no Norte e Nordeste quanto da inventividade de sua mente inquieta e criativa. No museu, também é possível observar a imagem em movimento por meio de filtro de realidade aumentada.
SOBRE A PINACOTECA
Inaugurada em dezembro de 2022, a Pinacoteca do Ceará tem a missão de salvaguardar, preservar, pesquisar e difundir a coleção de arte do Governo do Estado, sendo espaço de ações formativas com artistas, comunidade escolar, famílias, movimentos sociais, organizações não-governamentais e demais profissionais do campo das artes e da cultura. Trata-se de um espaço de experimentação, pesquisa e reflexão para promover o diálogo entre arte e educação a partir de práticas artísticas.
SERVIÇO
O quê: Sete obras imperdíveis da exposição “Chico da Silva e a Escola do Pirambu”
Quando: Até 29 de outubro
Onde: Pinacoteca do Ceará (Rua 24 de Maio, s/n – Centro, Fortaleza)
Funcionamento: de quinta a sábado, das 12h às 20h, e domingo, das 10h às 18h.
Texto de Alessandro Fernandes sob supervisão e edição de Raphaelle Batista.