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HORÁRIOS: de quarta a sábado, de 12h às 20h e domingo, de 9h às 17h.

Aldemir Martins

No lápis da vida não tem borracha

A exposição “No lápis da vida não tem borracha” celebra o centenário de nascimento do artista Aldemir Martins e também é parte da mostra Bonito pra chover, que marca a abertura da Pinacoteca do Ceará. A curadoria é de Rosely Nakagawa, com curadoria adjunta de Waléria Américo, e apresenta principalmente desenhos do artista, totalizando 166 obras.

No lápis da vida não tem borracha*

Aldemir Martins

Curadora Rosely Nakagawa

Aldemir Martins é a própria origem da palavra desenho. Desenho que vem de desejo, desígnio.

O desejo de mudança fez Aldemir ampliar seus horizontes para além de suas origens. Desde menino, dedicou-se ao desenho. Ao ser enviado para o Colégio Militar de Fortaleza, logo se tornou orientador artístico de classe. Serviu no Exército em 1943, quando conheceu Antonio Bandeira e conquistou seu primeiro prêmio, ao vencer o concurso de pintura de viaturas do Exército, recebendo a patente de Cabo Pintor.

Desenhou o caminho de sua formação para não se perder na vaidade do menino prodígio, buscando novos colegas e parceiros contemporâneos, migrantes e imigrantes. Ainda em Fortaleza, atuou na criação do Centro Cultural de Belas Artes (CCBA), que viria a se tornar a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP). Em companhia de Mário Baratta, Barboza Leite, Antonio Bandeira e Chabloz, criou o movimento de renovação artística no Ceará. Tornou-se ilustrador de jornais e revistas da imprensa cearense, tendo reconhecida a qualidade de seus desenhos, xilogravuras e aquarelas. Em 1945, seguiu para o Rio de Janeiro, com Antonio Bandeira, Roberto Feitosa e Inimá de Paula, para participar de uma exposição coletiva a convite de Chabloz.

Estruturou seu futuro quando foi para São Paulo, em 1946, com o objetivo de, entre outras coisas, escapar de ser funcionário público no Rio de Janeiro.

Designado para realizar sua primeira exposição individual com desenhos e pinturas, instalou-se definitivamente na cidade, onde retomou sua atividade de ilustração para jornais e revistas. Esse meio jornalístico proporcionou a Aldemir uma grande rede de relacionamentos com escritores, intelectuais e personalidades influentes, como Assis Chateaubriand, Alfredo Mesquita, Domingos Carvalho da Silva, José Escobar Faria, Mário da Silva Brito, Jorge Medauar, André Carneiro, Dulce Carneiro, César Mêmolo Júnior, entre outros. Desde então, integrou entusiasticamente o movimento artístico brasileiro.

Em 1949, fez um curso de História da Arte no Museu de Arte de São Paulo (Masp), ainda na Rua Sete de Abril, com Pietro Maria Bardi. Também estudou gravura com Poty, tornando-se monitor no ensino de artes junto de Flávio Motta e Thomas Farkas.

Em 1950, nasceu seu filho Pedro Martins, do casamento com Amélia Bauerfeld.

Em 1951, já um artista reconhecido, foi convidado a voltar ao seu estado para fazer dois painéis para o Ceará Rádio Clube e realizar uma exposição individual na União Cultural Brasil-Estados Unidos, em Fortaleza.

Nessa viagem, decidiu retornar a São Paulo em um caminhão pau de arara, por dentro do Sertão, iniciando uma série de desenhos de temática nordestina, que caracterizaria sua obra a partir de então.

Ao receber o Prêmio de Aquisição na 1ª Bienal de Artes de São Paulo, usou o dinheiro do prêmio para voltar ao Nordeste e conhecer o roteiro do cangaço. Acompanhado por José Zanini Caldas e Mário Cravo Jr., conheceu Pajeú das Flores, Caruaru, Jeremoabo, Paulo Afonso, Canudos, Riacho do Navio, Pedra do Buick e a outras regiões da caatinga nordestina. Nesse período, trabalhou com diversos artistas brasileiros e imigrantes, como Alfredo Volpi, Rebollo, Marcelo Grassman, Otávio Araújo Fernando Lemos.

Em 1952, participou do 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, e fez parte da mostra coletiva que percorreu algumas capitais da América do Sul (Santiago, Buenos Aires e Caracas). Ainda em 1952, foi premiado na Bienal de Veneza e integrou a Exposição Coletiva Itinerante de Artistas Brasileiros, que visitou países como Japão, Estados Unidos, México, Chile e Bolívia.

Nesse mesmo ano, casou-se com Cora Pabst.

O desenho de Aldemir designa sua inserção cultural e social no panorama da arte sul-americana. Sua força expressiva, sua persistência e seus laços afetivos e de lealdade firmaram presença nos meios artísticos e na sociedade brasileira.

O forte e instigante desenho de Aldemir é símbolo de enfrentamento, superação de fronteiras e resistência.

Por diversas vezes foi premiado em bienais nacionais e internacionais. Em 1956, ganhou o prêmio Prezidente del Consigli dei Ministri, da 28ª Bienal de Veneza, atribuído ao Melhor Desenhista Internacional.

Em 1958, realizou uma série de exposições nos Estados Unidos, e foi convidado a permanecer no país a convite do Departamento de Estado Americano, quando visitou Filadélfia, Chicago, Detroit, Boston e New York.

Nesse ano, nasceu sua filha Mariana Pabst Martins.

Na década de 1970, recebeu um convite para conhecer o Japão, com o objetivo de ver de perto a cultura que conheceu através das obras dos artistas japoneses imigrantes e radicados no Brasil – Manabu Mabe, Tikashi Fukushima, Kazuo Wakabaiashi, Yioshia Takaoka, entre muitos outros.

Na década de 1980, a convite do governo chinês, visitou a China na companhia de Sun Chia Chin, Che Kong Fang, entre outros artistas chineses, e de Rubens Matuck, artista brasileiro. Conheceu mais profundamente o país, que havia aprendido a admirar com pintores como Chang Dai Chien, o qual residiu no Brasil, em Mogi das Cruzes (SP) entre 1953 e 1970.

Viajou por diversos países da Europa e morou em Roma. Mas sempre afirmou com orgulho: “Nunca deixei de ser cearense”.

* Essa é uma conhecida frase escrita em traseira de caminhões (exemplo da filosofia dos irmãos da estrada), favorita de Aldemir Martins. Foi título de um livro sobre o artista escrito por Nilson Moulin e Rubens Matuck, um dos seus discípulos.

DEZEMBRO / 2022 a

Setembro / 2024

PAVILHÃO 3

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ALGUMAS OBRAS EXPOSTAS

Esta exposição faz parte da mostra BONITO PRA CHOVER

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