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Marisa Flórido debate a relação entre arte e crise climática na Pinacoteca do Ceará

Luto Tropical de Zé Carlos Garcia Foto: Rafael Salim

Neste mês de setembro, o museu realiza duas aulas abertas. Além da atividade com a pesquisadora no dia 13, André Parente a Alexandre Veras discutem os desafios de conservação de obras em artemídia no dia 20 de setembro

A Pinacoteca do Ceará realiza duas aulas abertas e gratuitas neste mês de setembro. A relação entre arte e crise climática será discutida na sexta-feira (13) pela pesquisadora Marisa Flórido, perpassando as construções filosóficas e culturais sobre a superioridade da espécie humana diante das demais. Na semana seguinte, dia 20 de setembro, é a vez de André Parente abordar os desafios da conservação de obras em artemídia.

O pesquisador conduzirá remotamente (por videoconferência) a aula aberta, que contará ainda com a participação presencial do pesquisador Alexandre Veras como mediador. As duas atividades acontecem às 18h no auditório do museu, que integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT-CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante.

Na aula aberta “Monstros e quimeras no fim do mundo”, Marisa Flórido abordará a visão ocidental de superioridade humana sobre outras espécies e sua influência na relação com a natureza e a cultura. Diante das crises atuais, essa perspectiva é questionada, abrindo espaço para a interação entre ciência e saberes não ocidentais.

A atividade propõe repensar as relações entre humanos e não humanos, redefinindo a própria identidade do ser humano, desafiando as fronteiras tradicionais entre essas categorias e propondo novas formas de entender a identidade humana, em um mundo cada vez mais interconectado e em crise. A ideia é explorar como “monstros e quimeras” — figuras simbólicas de mistura e transformação — podem ajudar a repensar e recriar essas relações no contexto atual.

DESAFIOS DE CONSERVAÇÃO DA ARTEMÍDIA

Figuras na Paisagem, André Parente, 2010

Já no dia 20 de setembro (sexta-feira), o artista e pesquisador André Parente realiza a aula aberta “Os territórios da artemídia e os desafios da sua conservação”, também às 18h, com mediação do professor e pesquisador Alexandre Veras. A atividade, que acontece no auditório do museu, será realizada em formato híbrido, com a participação do palestrante em modelo remoto, por meio de videoconferência.

No encontro, serão abordadas as principais tendências da artemídia (ou arte e novas tecnologias), com destaque para obras de artistas brasileiros. Para André Parente, a artemídia designa as poéticas que se apropriam de recursos tecnológicos das mídias e da indústria cultural, ou intervêm em seus canais de difusão, para propor alternativas estéticas.

Além do debate sobre o tema na arte contemporânea, serão discutidas ainda as questões museológicas relativas aos desafios da conservação das obras de artemídia. Entre os questionamentos mais comuns, estão os desafios em preservar obras de artemídia cujo conceito depende de equipamentos que estão sujeitos à obsolescência, assim como os impasses diante dessas problemáticas.

Nas instituições museológicas, as formas de conservação da artemídia são diferentes das pinturas, desenhos ou esculturas. Muitas vezes, o único elemento a ser preservado é a ideia do projeto, seus parâmetros técnicos e instruções de montagem. Por isso, um dos caminhos apontados é que os arquivistas devem dialogar com os artistas para estabelecer instruções de montagem que mantenham intacto o conceito original de cada obra.

SOBRE OS PROFESSORES

Marisa Flórido Cesar é professora do Departamento de História e Teoria da Arte e do PPGAV do Instituto de Arte da UERJ. Crítica de arte e curadora independente. Possui livros e textos sobre artes visuais em livros, revistas acadêmicas, catálogos e periódicos no Brasil e no exterior. Entre os livros publicados, estão: “Nós, o outro, o distante na arte contemporânea brasileira” [Circuito, 2014]; “Ana Vitória Mussi” [org e texto; Apicuri, 2013]; Foi crítica de arte no jornal O Globo (entre 2010 e 2013), no Jornal do Brasil (de 2004 a 2005) e na Revista Isto é.

André Parente é artista e teórico da imagem e das novas mídias. Em 1987, conclui o doutorado na Universidade de Paris 8 sob a orientação de Gilles Deleuze. Em 1991, funda o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre 1977 e 2023, realiza inúmeros filmes, vídeos, instalações e trabalhos nas técnicas tradicionais (gravura, desenho, escultura e objetos) nos quais predominam a dimensão conceitual e experimental. Seus trabalhos foram apresentados no Brasil e no exterior em mais de uma centena de exposições, mostras e festivais. Nos últimos dez anos vem atuando no coletivo europeu Suspended Spaces e no coletivo carioca Tupinambá Lambido. Obteve os seguintes prêmios: Prêmio Transmídia do Itaú Cultural, Prêmio Petrobras de Novas Mídias, Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, Prêmio Petrobras de Memória das Artes, Prêmio Oi Cultural 2010, Prêmio da Caixa Cultural Brasília, Prêmio Funarte de Artes Visuais, Prêmio Oi Cultural 2014, Prêmio Marc Ferrez 2014. É autor de vários livros: Imagem-máquina. A era das tecnologias do virtual (1993), Sobre o cinema do simulacro (1998), O virtual e o hipertextual (1999), Narrativa e modernidade (2000), Tramas da rede (2004), Cinema et narrativité (L’Harmattan, 2005), Preparações e tarefas (2007), Cinema em trânsito (2012), Letícia Parente, arqueologia do cotidiano (2012), Cinemáticos (2013), Cinema/Deleuze (2013), Passagens entre Fotografia e Cinema na Arte Brasileira (2015), entre outros.

Alexandre Veras foi coordenador do Alpendre Casa de Arte Pesquisa e Produção, onde desenvolveu por 13 anos intensa atividade como realizador, curador de mostras e exposições, gestor, pesquisador e professor. Dirigiu diversos trabalhos em videodança, diversas instalações e ficção e documentário. Foi diretor artístico da Bienal de Dança de Par em Par, coordenando as duas primeiras edições do Terceira Margem. Fez o desenho pedagógico da Escola de Audiovisual de Fortaleza e coordenou diversos projetos de formação em audiovisual. Entre seus trabalhos apontamos a exposição A Conversa Infinita, o longa de ficção Linz, Quando Todos os acidentes acontecem, e o documentário As Vilas Volantes, o verbo contra o vento. Desenvolve atividade de formação em videodança no Brasil e na América Latina há mais de 15 anos. Atualmente coordena o Atelier Rural, espaço que promove a interface entre artes e agroecologia.

SOBRE A PINACOTECA DO CEARÁ

Inaugurada em dezembro de 2022, a Pinacoteca do Ceará tem a missão de salvaguardar, preservar, pesquisar e difundir a coleção de arte do Governo do Estado, sendo espaço de ações formativas com artistas, comunidade escolar, famílias, movimentos sociais, organizações não-governamentais e demais profissionais do campo das artes e da cultura. Trata-se de um espaço de experimentação, pesquisa e reflexão para promover o diálogo entre arte e educação a partir de práticas artísticas. Desde a abertura, o museu já recebeu mais de 165 mil visitantes.

SERVIÇO
O quê: Aula Aberta – Monstros e quimeras no fim do mundo
Com Marisa Flórido
Quando: sexta-feira, 13 de setembro, às 18h
Onde: Auditório da Pinacoteca do Ceará (Rua 24 de Maio, 34 – Centro)
Classificação indicativa: Livre
Capacidade: 100 pessoas
Acessível em Libras

O quê: Aula aberta “Os territórios da artemídia e os desafios da sua conservação”
Com André Parente
Mediação de Alexandre Veras
Quando: sexta-feira, 20 de setembro, às 18h
Onde: Auditório da Pinacoteca do Ceará (Rua 24 de Maio, 34 – Centro)
Classificação indicativa: Livre
Acessível em Libras

Texto de Alessandro Fernandes, sob supervisão e edição de Beatriz Jucá. 
Contato: [email protected]

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