A atividade acontece no sábado (25), a partir das 16h, e aborda a preservação da memória nas periferias e os desafios na captação de recursos
A descentralização dos museus nas grandes cidades brasileiras é um debate efervescente. A menor presença de equipamentos culturais desse tipo nas periferias é uma das inquietações que motivou a criação do Acervo da Laje na Bahia, com o objetivo de fomentar a memória e as atividades artísticas no Subúrbio Ferroviário de Salvador (SFS). Neste mês, a Pinacoteca do Ceará recebe os fundadores Vilma Santos e José Eduardo para a aula aberta “O Acervo da Laje e a construção de acervos, educação, memórias e artes na periferia de Salvador, Bahia”. A atividade acontece no dia 25 de janeiro, a partir das 16h, no auditório do museu, que integra a Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT-CE) e é gerido em parceria com o Instituto Mirante.
Gratuita e acessível em Libras, a aula aberta promove um diálogo sobre a preservação e a manutenção da memória nas periferias, além de discutir os desafios na captação de recursos, fundamentais para a abertura de novas exposições, manutenção do acervo e permanência das atividades formativas.
O Acervo da Laje fica no bairro de São João do Cabrito e atua há 15 anos para a memória cultural, artística e de pesquisa sobre o Subúrbio Ferroviário de Salvador, que reúne 22 bairros e conta com uma população majoritariamente negra. No equipamento, já foram realizadas 12 exposições, entre elas a mostra fixa “A beleza do subúrbio”, feita por estudantes que vivem na SFS e disponível no acervo virtual do museu. O Acervo da Laje também acumula prêmios e também mantém uma sala de música, além de hemeroteca e de uma galeria virtual.
Entre os objetivos do equipamento, está proporcionar o encontro das pessoas com as obras e os artistas, assim como estimular pesquisas e a ressignificação da imagem da periferia, mostrando valores, memória, cultura e elaborações estéticas. O acervo, que inclui desde CDs a esculturas em madeira, é adquirido por meio de compras, doações ou objetos encontrados no lixo.
A aula aberta com o Acervo da Laje se propõe a ser uma troca entre diferentes equipamentos culturais e experiências sobre preservação da memória e diálogo com a comunidade. Vilma e José Eduardo mergulham nas atividades desenvolvidas no Acervo da Laje, como visitas mediadas nos espaços expositivos e na reserva técnica e oficinas com artistas e moradores da comunidade. Eles também devem mostrar como funciona o Acervinho, um projeto educativo voltado para crianças, e o Ocupa Lajes, iniciativa de formação, democratização e circulação das artes visuais em Salvador, que já realizou 16 oficinas gratuitas, quatro bate-papos sobre artes visuais e onze exposições visuais.
O Acervo da Laje compartilha também as experiências de um museu na periferia de uma grande metrópole, além dos esforços na catalogação e memorialização dos territórios da SFS. No meio desse processo, também são pensadas outras formas de museologia, acervo e contato com a comunidade, como o estímulo ao protagonismo dos moradores em pesquisar e falar da sua própria memória. São ações que desempenham uma função de restituição ou de construção e elaboração das memórias das periferias.
SOBRE OS PROFESSORES

Vilma Santos é mulher negra, educadora desde os anos 1990, foi coordenadora voluntária da Pastoral da Criança, Pastoral Afro e Pastoral Carcerária, fundadora do Acervo da Laje, onde coordena a seção educativa, realizou, como curadora e coordenadora as exposições artísticas “1ª Exposição Pública do Acervo da Laje” (2011), na antiga casa de Lázaro e Vera, em Novos Alagados “As águas suburbanas no Acervo da Laje” (2012), no Centro Cultural Plataforma; A beleza do Subúrbio” (2013), nas ruínas da antiga Fábrica de Tecidos São Braz, em Plataforma; 3ª Bienal da Bahia (2014), no Acervo da Laje, Casa 1; “Memórias Afetivas do Subúrbio Ferroviário de Salvador” (2018) no Subúrbio 360, no bairro de Vista Alegre e participou como convidada da 31ª Bienal de São Paulo “Como falar de coisas que não existem” na mesa “Usos da Arte” (2014).

José Eduardo Ferreira Santos é Pedagogo (UCSal), mestre em Psicologia (UFBA), doutor em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia e fez estágio pós – doutoral em Cultura Contemporânea (PACC – UFRJ), no Instituto de Psicologia da UFBA e no Programa de Pós – Graduação em Família na Sociedade Contemporânea da UCSal, pelo Programa Nacional de Pós – Doutorado (PNPD – CAPES). Curador e responsável junto com Vilma Santos pelo Acervo da Laje, que reúne obras artísticas e históricas do Subúrbio Ferroviário de Salvador e de toda a cidade.
SOBRE A PINACOTECA DO CEARÁ
Inaugurada em dezembro de 2022, a Pinacoteca do Ceará tem a missão de salvaguardar, preservar, pesquisar e difundir a coleção de arte do Governo do Estado, sendo espaço de ações formativas com artistas, comunidade escolar, famílias, movimentos sociais, organizações não-governamentais e demais profissionais do campo das artes e da cultura. Trata-se de um espaço de experimentação, pesquisa e reflexão para promover o diálogo entre arte e educação a partir de práticas artísticas. Desde a abertura, o museu já recebeu mais de 165 mil visitantes.
SERVIÇO
O que: Aula aberta “O Acervo da Laje e a construção de acervos, educação, memórias e artes na periferia de Salvador, Bahia”
Quando: 25 de janeiro, sábado, 16h
Onde: Auditório da Pinacoteca do Ceará (Rua 24 de Maio, s/n – Centro, Fortaleza)
Acessível em Libras
Texto de Alessandro Fernandes, sob supervisão de Beatriz Jucá